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terça-feira, 17 de julho de 2012

EMMA de Jane Austen

Título: Emma
Autora: Jane Austen
Editora: Nova Fronteira - Coleção Saraiva de Bolso

E finalmente, depois de eras enrolando pra terminar de ler esse livro, eu estou escrevendo a resenha de Emma.

Como eu pra fazer/terminar de ler Emma desde fevereiro e já estamos em julho e eu ainda estou na letra I, a postagem de hoje será o que eu vou chamar de THE ULTIMATE GUIDE TO EMMA. Mentira, não vai ser ultimate porque eu não sou obrigada a montar um perfil dos personagens, só vou escrever a sinopse, analisar a obra, comparar a série de TV com a última adaptação pro cinema e a versão modernizada do romance.

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"Emma Woodhouse, bela, inteligente e rica". É assim que começa esse romance de Jane Austen.

Emma é uma jovem inglesa, filha mais nova do Sr. Woodhouse e que se tornou órfã de mãe quando era ainda muito nova, e por causa disso, foi criada pela governanta da casa, Srta. Taylor.

O livro começa com o casamento da Srta. Taylor, o qual Emma acredita ser responsável por ter acontecido, e partir de então, ela acha que tem um dom para ser "casamenteira" e usa isso como desculpa para manipular a vida das pessoas à sua volta. Então, quando ela conhece a jovem Harriet Smith, Emma tenta fazer com que ela se case com o Sr. Elton, mas as coisas não acontecem como ela esperava.

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Primeiro, eu vou fingir que sou entendida de História (mais uma vez, agradeço à Academia e à Wikipedia por terem possibilitado tudo isso) e vou situar Emma na história da Inglaterra.

Emma é normalmente é descrito como um romance vitoriano, mas não é, e já vou explicar o porquê.

Emma foi publicado em 1815 e é o último romance de Jane Austen a ser publicado antes da sua morte e  na época, o livro não era creditado à autora original por causa do preconceito contra mulheres escritoras que existia na época.

Sendo publicado em 1815, Emma foi escrito e publicado durante o Período Regencial, uma subdivisão do Período Georgiano, antecedente do reinado da Rainha Vitória, ou seja, Emma não é um romance vitoriano, apesar de ter algumas características desse período.

O Período Georgiano vai de 1714 a 1830 e foi marcado pelo reinados dos reis de Hanover: Jorge I, Jorge II, Jorge III e Jorge IV, sendo que o Período Regencial ocorreu entre 1811 e 1820, quando o rei Jorge III, devido a uma doença, foi obrigado a se afastar do governo e quem assumiu o trono durante esse período foi o seu filho, Jorge IV. Muitas vezes o reinado de William IV (1830-1837) é incluso nesse período.

Essa época é marcada por diversas mudanças histórico-sociais, considerando que foi quando começou a Revolução Industrial. A Inglaterra viu a sua divisão de classes se intensificar e as cidades começaram a crescer e ficar cada vez maiores, principalmente por causa do êxodo rural.

O Período Vitoriano começa em 1837 e termina em 1901, com a morte da Rainha Vitória. Esse período é conhecido por ter sido um período pacífico, chamado de Pax Britannica, em que houve uma consolidação social, econômica e industrial, interrompida por um curto tempo pela Guerra da Crimeia em 1854.

Durante a era Vitoriana ocorreu a retomada da arquitetura gótica, e mais tarde haveria uma espécie de conflito entre os estilos gótico e clássico. Nas artes em geral, o racionalismo do período Georgiano começava a ser deixado de lado para dar lugar ao romantismo.

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Agora, minha parte favorita (mentira): A análise.

O tema principal do livro, como dá pra ver é casamento. Embora Emma não tenha interesse nenhum em se casar, ela acredita ter um dom de casamenteira e também acha que consegue compreender a natureza das pessoas, característica que possui por ser muito mimada e superestimar o seu poder de manipulação, fazendo com que não perceba os perigos de interferir na vida alheia e se engane em relação às intenções das pessoas.

Segundo Harriet, um dos motivos para o qual Emma não tem interesse no casamento é porque ela é rica, o que a diferencia das demais heroínas dos romances de Jane Austen, pois ela não busca casamento ou riqueza. 

Emma também parece ser imune à atração romântica ou sexual, uma vez que se mostra surpresa e até indignada quando o Sr. Elton revela que está apaixonada por ela e não por Harriet Smith. Ela não demonstra nenhum interesse nos homens que conhece, e até quando acha que está apaixonada por Frank Churchill, ela não acredita que esse sentimento seja verdadeiro.

Outro ponto importante no romance é que os personagens dão uma grande importância ao status social. Por exemplo, Emma induz Harriet a recusar o pedido de casamento de Robert Martin apenas porque ele é um fazendeiro, e o Sr. Elton não aceita Harriet porque ela tem origem desconhecida. Ele então se casa com a Sra. Elton, uma mulher rica, porém vulgar. Emma em um dos capítulos, humilha a Srta. Bates, uma mulher velha e solteira que vive com a mãe surda e que mal tem dinheiro para se sustentar, dependendo sempre da ajuda de seus antigos amigos de Highbury.

"Quando a flecha do cupido acerta o coração
O peito fica doendo de amor e paixão
E passa o dia todo querendo te ver
Eu só quero amar você"
Além dessas coisas, eu notei em Emma uma relação tsundere entre o Sr. Knightley e a Emma, porque os dois vivem discutindo, mas são uns fofos com as demais pessoas.

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E agora, as adaptações.

Direção:  Douglas McGrath
Ano: 1996

Como podem ver, essa imagem aí do lado é um dos posteres do filme. É claro que tinha um melhorzinho, mas eu queria mostrar que a própria produção ridicularizou tudo, começando com esse poster. Tudo bem que o filme é de 1996, mas quem em são consciência aprova isso?

Enfim, o filme é bem fiel ao livro, até porque não é uma trama complexa e que tem tantos elementos e reviravoltas que partes precisem ser cortadas para que o filme não tenha 5 horas de duração.

Mas é horrível.

Eu sinceramente não sei o que foi pior: as atuações, o elenco composto por gente feia, o sotaque britânico forçado e falso da Gwyneth ou isso. (É o Ewan McGregor, gente).

Foi ruim. Foi triste. Foi quase doloroso.

Título: As Patricinhas de Beverly Hills
Título Original: Clueless
Ano: 1995
Diretora: Amy Heckerling

Agora a gente vai falar de coisa boa (Tekpix). A título de curiosidade, não estou usando nenhuma ordem aqui nas adaptações.

Enfim, Clueless é uma versão modernizada ou até uma paródia de Emma. A história é bem parecida com a do livro, mas claro, com algumas diferenças. Não vou colocar a sinopse aqui, porque se você nunca viu esse filme na Sessão da Tarde ou em qualquer canal de TV aberta que tenha passado, você não deveria estar lendo este post.

Brincadeira, pode ler, contanto que assista ao filme depois.

Clueless tem a intenção de ser uma comédia e foca muito menos nos romances ou nas tentativas de arranjar casamento. Basicamente é um filme que fala sobre meninas ricas que aliviam o stress do dia-a-dia comprando roupas no shopping e conversando nos celulares gigantescos dos anos 90, que tentam ajudar uma menina quase lésbica que curte skatistas maconheiros a virar alguém na vida. E claro: muito melhor do que o filme com a Gwyneth.

Ano:  2009
Formato: Série de TV

O poster ao lado é da mini-série produzida pela BBC em 2009. Ela tem 4 episódios e é linda <3

A história foi super bem adaptada, e quase nada foi cortado, considerando que cada episódio tem duração de 1 hora. 

Gostei muito do elenco, que ao contrário do filme de 1996, é composto só por gente bonita, e tem o Michael Gambon (Dumbledore) como o pai da Emma. Além disso, os personagens ficaram quase todos como eu tinha imaginado no livro, e a Romola Garai é a Emma perfeita (além de ser linda, atuar bem e ter feito Desejo e Reparação).

Vale muito a pena dar uma conferida.

Ah sim, enquanto eu pesquisava sobre Emma, eu descobri que existe uma versão de Bollywood, chamada Aisha, e que é a história de Emma, hoje em dia, na Índia. Muitos medos, mas pelo trailer (que eu só achei sem legenda), parece qualquer comédia romântica americana (que é a plot básica de Emma).

Ó o trailer:

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Yaaay, parte final da resenha!

Pra começar, apesar de ter reclamado tanto, eu gostei de Emma. É, pois é.

O maior problema do livro é que ele é desnecessariamente longo, e a primeira parte é realmente muito boring, mas depois da metade, a leitura flui melhor e o final é todo fofo. Eu não consegui evitar um ataque de fangirl no fim do livro, e nem nas cenas correspondentes no filme com a Gwyneth e muito menos na série, porque ela é toda linda, e a Emma da BBC me deu lições de vida, enquanto a Gwyneth me ensinou que pra falar inglês britânico, é só prolongar os Rs e pronunciar so Ts.

Quando eu tiver um filho, eu vou mandar para que ele seja criado por outra pessoa, e eu queria ser uma das pessoas de Highbury que não fazem nada o dia inteiro, mas ainda assim são muito ricas e ocupadas (pff). 

Bom, essa foi a minha resenha de Emma. Já terminei O Hobbit, mas estou com preguiça de escrever a resenha, e logo mais espero terminar O Intruso.

Beijos.






quarta-feira, 11 de julho de 2012

THE CURIOUS CASE OF BENJAMIN BUTTON de F. Scott Fitzgerald

Título: The Curious Case Of Benjamin Button
Autor: Francis Scott Fitzgerald

A verdade é que eu já terminei Emma (palmas pra mim!), mas quero ver o filme pra poder fazer a resenha, então vai demorar mais alguns dias até ele aparecer aqui, mas saibam que eu já estou no H (de Hobbit) <3

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The Curious Case Of Benjamin Button, ou O Estranho (ou Curioso) Caso de Benjamin Button é um conto escrito por F. Scott Fitzgerald (autor de O Grande Gatsby) em 1922.

O conto fala sobre Benjamin Button, desde as estranhas circunstâncias do seu nascimento até a sua morte.

Por volta de 1860 nasce Benjamin Button, filho de Robert Button, no hospital de Baltimore, numa época em que o normal era se ter filhos em casa. Quando o sr. Button vai ver o seu filho no berçário, ele se depara com uma coisa estranha. O seu filho, que havia acabo de nascer era na verdade um velho com oitenta e poucos anos. Ele logo fica preocupado com o que a sociedade iria pensar, e sem muita escolha, volta para casa com ele, já que o hospital também queria que ele fosse tirado logo dali.

O sr. Button faz de tudo para que seu filho seja criado como uma criança normal, apesar dele ter a aparência e a mentalidade de um velho. Seu pai fazia com que ele raspasse a longa barba, tingisse o cabelo e vestisse roupas de menino.

Benjamin tenta entrar na universidade aos 18, mas é rejeitado porque parecia ter a idade para ser pai de um dos alunos. Ele se casa aos 20 com uma jovem que achava que ele tinha 50 anos. O processo de rejuvenescimento continua enquanto todas as outras pessoas envelhecem ao seu redor. Benjamin vai para a guerra Hispano-Americana, volta, vira dançarino, entra em Harvard dez anos depois de seu filho ter se formado lá. Sua esposa chama o que acontece com Benjamin de "teimosia" e o seu filho de "brincadeira".

A Primeira Guerra Mundial explode e Benjamin é convocado para servir como general, mas não é aceito, pois tinha a aparência de um adolescente. Seu neto nasce e logo depois os dois são matriculados no jardim de infância, e enquanto o bebê vai avançando na escola, Benjamin continua no jardim de infância até que é tirado de lá e ser levado de volta para casa, onde morre num berço, tendo a aparência de um bebê.

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Aqui vai a minha "análise" e depois vou falar do filme, e finalmente falar a minha opinião.

The Curious Case Of Benjamin Button é um conto que foi publicado originalmente numa das revistas em que Fitzgerald normalmente escrevia e mais tarde foi publicado numa coletânea chamada de Jazz Era Stories. 

Esse conto ficou famoso porque foi o primeiro a tratar de um tema parecido, e é um dos mais famosos de Fitzgerald. 

Dá pra ver que tem algumas coisas que foram ignoradas pelo autor, o que faz com que ele não seja realista, mas ele não é necessariamente fantástico. Ele começa quase como uma comédia, mas termina com um tom melancólico.

Começando pelos elementos ignorados pelo autor, vemos que a mãe de Benjamin é completamente esquecida, e lendo o conto, a gente se pergunta como uma mulher que teve uma gestação e um parto normal pôde dar a luz um velho que não tinha tamanho de bebê? Como e por que ele nasce velho e vai ficando cada vez mais novo? 

É claro que Fitzgerald não explica nada disso, porque um dos propósitos dele era mostrar a relação entre pai e filho. Como o sr. Button, a princípio horrorizado com o seu filho, aceita a existência dele e aos poucos se resigna com a sua condição. Ele está o tempo todo mais preocupado com o que vão pensar dele na respeitada alta sociedade de Baltimore, não com os sentimentos de seu filho, e ninguém, durante a história toda se preocupa em descobrir a causa ou a cura para o processo que ocorre com Benjamin, e alguns, como Hildegarde (a esposa de Benjamin) e Roscoe (seu filho), agem como se isso fosse culpa dele.

Depois de ter sido rejeitado pra entrar em Yale, Benjamin aprende que é melhor agir como as pessoas esperam, ou seja, de acordo com a sua aparência, em vez de agir de acordo com a sua idade. Essa é outra crítica de Fitzgerald, mostrando que as pessoas te tratam de determinada forma de acordo com o que você aparenta ser em vez do que você é de verdade.

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Título: O Curioso Caso de Benjamin Button
Título Original: The Curious Case Of Benjamin Button
Diretor: David Fincher
Ano: 2008

Agora vamos falar do filme, que foi baseado no conto, mas que tem muitas diferenças com o conto original.

Benjamin Button nasceu em 1918, na noite em que a Primeira Guerra Mundial teve seu fim. Sua mãe morre durante o parto e seu pai, horrorizado com a sua aparência de um bebê com aspecto de idoso, abandona o filho recém-nascido na porta de um asilo, onde ele é criado por Queenie, uma negra que administra o local.

Benjamin cresce no meio dos velhos do asilo e um dia conhece Daisy, neta de uma das pacientes de lá, e se apaixona imediatamente por ela.

Aos 17 anos Benjamin parte em uma viagem ao redor do mundo e quase 10 anos depois ele retorna para o asilo.

Daisy cresce e Benjamin continua apaixonado por ela, mas o romance entre os dois parece ser impossível por algum motivo.

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Esse filme não precisa de muitas apresentações, acho que todo mundo já ouviu falar, e como deu pra perceber, é bem diferente do conto. 

Pra começar, Benjamin é abandonado pelo pai e criado em um asilo, uma coisa que afeta muito na sua formação como pessoa. O Benjamin do filme tem um corpo velho e mentalidade condizente com a sua idade real, mas as pessoas não deixam de tratá-lo como um velho.

Crescer num asilo faz com que Benjamin se acostume com a morte e com a ideia de que vai morrer um dia. Isso tem outra consequência em sua vida: todos à sua volta estão apenas esperando o dia em que vão morrer, e já viveram tudo o que tinham que viver em sua vida, então elas se importam muito mais com o presente do que com o futuro, elas não fazem planos e não tinham a pressa que os jovens têm.

No entanto, Benjamin era curioso como toda criança, mas foi obrigado a se desenvolver afastado delas, o que fez com que ele indiretamente adquirisse os costumes e comportamentos daqueles que o cercavam. Em outras palavras, a criança foi forçada a agir como um adulto por culpa de sua aparência.

Conforme vai crescendo, Benjamin vai sentindo cada vez mais a necessidade de agir como pessoas da sua idade agem, mas de novo, a sua aparência impede que ele faça essas coisas (a cena em que a avó de Daisy briga com ele por estar brincando com a sua neta), o que não necessariamente impede que ele tenha certas experiências de pessoas da sua idade. Por exemplo, ele é levado pelo capitão Mike (capitão do rebocador em que Benjamin trabalha) a um bordel, onde ele perde a sua virgindade. Naquela época, era comum que os adolescentes tivessem a sua primeira experiência sexual com uma prostituta. É logo depois da cena do bordel que ele fala pela primeira vez com o seu pai biológico (que ele ainda não sabe que é seu pai)  e também toma o seu primeiro porre.

Benjamin conhece Elizabeth, uma mulher mais velha com quem tem um affair, a quem se refere como "a primeira mulher que me amou" e também é a pessoa com quem tem o seu primeiro beijo.

Ele também vivencia os horrores da Segunda Guerra e então volta pra casa.

Benjamin vai atrás de Daisy várias vezes, e a cada vez que se encontram ele está mais jovem e ela, mais adulta. Na primeira vez, Benjamin vai assistir um dos espetáculos dela no teatro (Daisy naquela época era uma bailarina talentosa e prestes a começar uma carreira internacional) e acaba apenas observando ela se divertir numa festa, enquanto ele assume a posição de observador. Isso mostra que Daisy, como uma pessoa normal, estava vivenciando experiências normais para pessoas da sua idade, mas Benjamin, que ainda aparentava ser velho demais, é obrigado a ficar de fora de tudo isso.

É só "no meio do caminho" que Benjamin e Daisy finalmente podem viver juntos, só que uma coisa surge para acabar com essa aparente paz: Daisy descobre que está grávida, e isso gera um conflito interno em Benjamin, pois ele não sabe como vai conseguir criar a filha, sendo que ele está ficando cada vez mais novo, e teme as reações da filha, sendo criada por um pai tão jovem quanto ela.

Por outro lado, Daisy também começa a ficar com medo de envelhecer e viver com um homem cada vez mais jovem, os que as pessoas diriam disso e teme também a ideia de que Benjamin sinta a necessidade de encontrar uma mulher mais jovem (o que não era a intenção dele). A solução encontrada é a partida de Benjamin, que parece ser uma fuga da parte dele, mas é consensual, pois esse também era o desejo de Daisy, mesmo que ela não tivesse consciência disso.

Outra crítica que pode estar intrínseca no enredo é que o Benjamin pode ser uma representação da nossa sociedade pós-guerras. Com a economia mundial decadente por causa das guerras, a juventude nasce envelhecida por causa da incerteza das suas vidas, eles precisam sobreviver de alguma forma, mas mal encontram o que comer. O rejuvenescimento vem com as décadas de 70 e 80, com movimento hippie, a disco music e etc - mesmo que a geração dos anos 70 seja politicamente engajada, ela é, por outro lado, mais irresponsável do que as anteriores. Então temos anos 90 e 2000: a geração atual, que é completamente alienada, não busca se interessar por coisas "sérias" e é muito mais hedonista que as que vieram antes, ou seja, é como uma criança que não se importa com o que acontece com o mundo, contanto que possa brincar e se divertir.

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Enfim, minha opinião sobre o conto: gostei muito, mas ainda prefiro o filme. Quero dar uma lida nos outros contos do Fitzgerald, mas isso vai ser mais pra frente.

Quanto ao filme, eu recomendo muito, ele é lindo, incrível, bem dirigido, tem Cate Blanchett e Brad Pitt. Não precisa de mais nada.

Bom, é isso. Não vou ficar falando mais sobre o que eu achei, o que importa é que eu gostei e recomendo, e acho que já escrevi demais, pra ficar enchendo ainda mais linguiça.

Até mais.

terça-feira, 10 de julho de 2012

O GRANDE GATSBY de F. Scott Fitzgerald

Título: O Grande Gatsby
Título Original: The Great Gatsby
Autor: Francis Scott Fitzgerald
Tradutor: William Lagos
Editora: L&PM Pocket

Bom, não vai ser hoje que eu vou escrever sobre Emma (e a novela continua...), mas enfim, mais um livro do desafio, e eu juro que voltei a ler Emma depois que terminei de ler Gatsby.

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A história se passa no ano de 1922, em Nova York.

Quem narra tudo é Nick Carraway, um jovem que nasceu e cresceu no meio-Oeste americano e que vai para a Primeira Guerra Mundial logo que se forma na Universidade de New Haven.

Quando volta da guerra, ele decide tentar a sorte em Nova York, como corretor de ações, e se muda para um bangalô em West Egg, Long Island. Lá, ele tem como vizinho o misterioso Gatsby, um homem muito rico que dá incríveis festas cheias de luxo todas as noites, mas que ninguém sabe quem ele realmente é.

É nesse cenário que também que somos apresentados a Jordan Baker, uma jogadora profissional de golfe e de caráter um pouco duvidoso e Tom e Daisy Buchanan, prima distante de Nick.

Um dia Nick é convidado para uma das festas de Gatsby, e lá conhece pessoalmente o seu anfitrião e logo se torna amigo íntimo dele e conhecendo o seu passado misterioso.

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Bom, a história é basicamente essa, o resto é spoiler.

A história é toda envolta num clima de jazz e festa e de gente rica que não faz nada da vida, a não ser ficar mostrando pra sociedade como eles são ricos e desocupados.

O Grande Gatsby foi escrito e publicado por Fitzgerald em 1925 e é considerada a sua obra-prima. Fitzgerald é considerado um dos maiores autores norte-americanos do século XX e foi o responsável por deixar a década de 20 conhecida como a "Era do Jazz".

O livro pode parecer se tratar de um assunto fútil, mas mas faz uma forte crítica à sociedade da época.

No período em que a história se passa, o Estados Unidos tinham acabado de sair vitoriosos da Primeira Guerra, mas ainda estavam se recuperando dos impactos causados por ela e também havia a Lei Seca, em que era proibido fabricar, vender, importar e exportar bebida alcoólica nos EUA, que fez com que muitas gangues lucrassem horrores com o tráfico de bebidas.

Entre o fim da guerra e a queda da Bolsa de Nova York (1929), a sociedade americana viveu um período de euforia causado pela vitória na guerra e também de decadência, em que os status das famílias tradicionais estavam ruindo e o trauma e os horrores causados trouxeram consigo novos comportamentos e novas tendências.

O relacionamento entre as pessoas estava existindo cada vez mais no nível da aparência, as pessoas estavam cada vez mais individualistas e quem podia passava mais tempo em festas ou em eventos da alta sociedade, numa forma de escapismo, o que dá para ser claramente notado em Gatsby, pois muitos dos que iam às festas na mansão nem tinham sido convidados, eles apenas estavam à procura de algum lugar para divertir e Gatsby procurava pessoas para entreter.

Mais para frente, no livro, sabemos o motivo pelo qual Gatsby dá tantas festas, e vemos que apesar de ter centenas de convidados em sua casa todas as noites, ele não tem nenhum amigo verdadeiro.

Nick é apenas um personagem secundário numa história contada por ele mesmo, pois o personagem principal é Gatsby e a função de Nick é ajudá-lo a reconquistar o seu antigo amor: Daisy. Os dois se conheceram quando Daisy ainda era solteira e Gatsby ainda não era milionário. Por causa da condição dele, os dois não puderam se casar, mas Gatsby havia pedido para que Daisy o esperasse, coisa que ela não fez. 

No final, depois de uma série de infortúnios, vemos o quão superficiais são as relações entre os personagens dos livros, principalmente Tom e Daisy, que mesmo tendo afetado a vida de muitas pessoas à sua volta de modo negativo, terminam felizes no seu casamento, fingindo que nada aconteceu. E aqui vale a pena citar um trecho do livro:

"Eles eram pessoas muito descuidadas, Tom e Daisy. Quebravam e esmagavam coisas e criaturas e, então, se entricheiravam atrás de seu dinheiro ou se escondiam por trás da sua indiferença ou seja lá o que fosse que os mantinha juntos enquanto deixavam que outros limpassem a sujeira que tinham feito..."

Esse trecho mostra principalmente como são os personagens durante o livro todo e também como era a elite americana da época, em que sensações importavam mais do que percepções e as relações eram vazias, oportunistas e em que os valores morais não valiam nada diante das aparências.

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Agora um pequeno adendo em relação ao filme que eu assisti antes de dar a minha opinião final.

O The Great Gatsby da capa aí da direita foi um filme de 1974 escrito por Francis Ford Coppola e dirigido por Jack Clayton.

Em termos de história, o filme é bem fiel ao livro, não que tenha muita coisa a ser cortada. A Daisy (Mia Farrow) é absolutamente insuportável, assim como a do livro. 

Não gostei muito das atuações em geral. O ator que faz o Tom me lembrava o Borat e o Nick conseguiu ser um bosta ainda maior do que ele é no livro, o que significa ser mais apático e bunda mole do que qualquer ser humano na Terra.

Agora em 2013 (?) vai ter uma versão nova nos cinemas, dirigida pelo Baz Luhrmann (diretor de Moulin Rouge, Romeu+Julieta e Austrália), com o Leonardo DiCaprio e o Tobey McGuire.

Pra quem quiser, tem o trailer aqui.

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Finalmente, minha opinião sobre a história.

Bom, eu achei o enredo meio "meh", e olha que eu já ouvi gente falando que esse era um dos melhores livros que eles tinham lido, etc etc etc.

Não sei se foi porque eu não entendo muito da história dos EUA, mas a crítica do autor não ficou muito clara pra mim. É claro que eu percebi a superficialidade nas relações dos personagens, mas eu li o livro esperando que fosse mudar alguma coisa na minha vida, não que eu quisesse dar uma vassourada na cara de cada um dos personagens. E sinceramente, ainda bem que depois de Gatsby e Emma vem O Hobbit, porque eu não aguento mais ler sobre pessoas ricas que ficam fazendo nada o dia inteiro. É muito chato ler sobre a vida dessas pessoas, só que o ponto é ler essas obras e invejar a vida que elas têm, porque enquanto a Daisy e o Tom podem ser os seres mais escrotos do mundo, eu tô aqui, às 3:27 da madrugada escrevendo essa resenha.

*recalque de pobre*

Enfim, até uma boa parte do livro, a leitura flui sem que nada aconteça, NA-DA, aí de repente, nas últimas 50 páginas tudo acontece e de repente o livro acaba, você xinga todos os personagens, fica com dó e julga o Gatsby, tudo ao mesmo, e também quer que a Nova York dos anos 20 pegue fogo.

Ok, li o livro por causa do desafio, li com esperanças de ser muito bom, mas acreditem: não é. Não recomendo se alguém quiser ler alguma coisa por diversão, mas se quiser conhecer sobre história e ver como era a sociedade americana naquela época: go on, Fitzgerald foi o autor que melhor conseguiu retratar a Era do Jazz, tanto que foi ele quem deu esse nome. Ele conseguiu fazer isso porque viveu aquilo, exatamente aquilo, tanto que Gatsby é quase um alter-ego do Fitzgerald.

Agora acabei. Beijos.